quinta-feira, 14 de julho de 2016

Caçadores de Paz - Capítulo 2 - CRIADOR E CRIAÇÃO

Eu tinha provocado Grimlock após eu receber o livro de Malena (eu acho que era contra as regras receber ajuda externa, mas ninguém viu por causa da nuvem de terra, então...):
— O bicho já pegou para você, garoto! Você já levou uma surra, e ainda acha que vai surpreender algum líder? Está enganado! Eu já provei para eles que sou melhor do que você.
Ele começou a se achar e eu comecei a ficar seguro de mim, mesmo com aquele sangue na grama. Quando eu estava com meu livro em mãos, tudo ficava mais fácil e assim seria a partir daquele momento, mais fácil. Eu abri o livro e comecei a folear. Grimlock, sem paciência, veio para cima de mim. Só foi preciso eu dar uma olhada para ele para que uma enorme barreira mágica vermelha impedisse ele de me acertar. Surpreso, ele deu um super pulo para trás e esperou qualquer movimento meu. Eu estava indeciso de quem escolher. Eu tinha adicionado muitos no livro.
Desculpem-me, eu esqueci de falar para vocês sobre a minha magia. Eu tenho um livro chamado CloudBook. Foi o nome que eu dei a ele por causa da cor azul e detalhes branco em volta. Enfim, com esse livro eu posso criar coisas e invoca-las no mundo real. Essa é minha magia. E aquela barreira estava no CB (CloudBook), na primeira página.
Quando eu escolhi, fechei o livro e apontei para o céu. Ele começou a brilhar, meus olhos também e ela apareceu. A Espada do Deus de Fogo, minha criação, meu orgulho, meu tudo. Eu era um mago de criação e se um dia, alguém me desse um título (como Espadachim de Ouro), eu escolheria ‘O Mago Criador’. Meu alter ego. Enfim.
A minha espada gigantesca e flamejante não colocou medo em Grimlock. Talvez ele era forte, não sei, não tinha visto a magia dele ainda. De repente, Grimlock apareceu atrás de mim e tentou me acertar com uma espada tão grande quanto a minha. Eu consegui desviar, ainda bem. Meu reflexo era bom.
Com a minha espada, eu tentei acertá-lo com toda a minha agilidade, mas ele deu um salto e pegou em sua espada com as duas mãos. Seu intuito era que quando ele caísse em terra me cortasse ao meio, mas eu me defendi com minha espada. Como ela era flamejante, eu não podia por minha mão nela para melhorar a defesa, então meu corpo não aguentou a força que Grimlock estava fazendo e foi arremessado para trás.
Quando eu me levantei de novo, fiz a barreira mágica novamente e comecei a folear meu livro. Precisava de algo mais preciso, que conseguisse driblar a agilidade e força de Grimlock. Eu tive uma ideia inusitada e completamente maluca. Criar algo novo no meio daquela luta. Eu precisava pensar em algo verdadeiramente bom o bastante para derrotar Grimlock, bonito o bastante para impressionar Snup e algo acessível para mim, que minha magia suporte. Pensei então em criar uma pessoa.
Sim, uma pessoa.
Não, não sabia se era possível, mas eu tentei.
Eu concentrei minha magia primeiramente na barreira para fortalece-a (que de vermelha ficou preta, de tanta magia que eu coloquei nela) e procurei uma página em branco. Fechei os olhos, ignorando o barulho dos socos, chutes e espadadas contra a barreira e entrei em alfa. Senti o vento mexer as folhas naquela grama, o silencio de a plateia vibrar o silencio do ambiente, o barulho do touch do celular do Snup. Meu corpo começou a estremecer e a ideia foi tomando forma naquela página e depois de alguns segundos eu criei ele.
Grimlock, furioso, quebrou a barreira e a sua espada iria me atingir naquele momento, mas a minha criação segurou a lâmina com as próprias mãos:
— Não mexa com o meu criador, Grimlock Sebastian. – mandou ele, sem nome.
A minha criação, aleatoriamente, tinha cabelo curto, um corpo alto e forte e todos as cores que definiam o corpo azul: roupa, cabelo, olhos etc. Menos a pele. Totalmente branca. Bonito o bastante para impressionar e aparentemente forte o bastante para me defender. Eu tinha que escolher um nome e eu o fiz: Blue. Dei o nome naquele mago (que eu queria um mago para me defender, não uma pessoa normal) de Blue.
Blue pegou Grimlock pelo pescoço e o arremessou longe. Novamente uma enorme nuvem de terra subiu e Blue ficou ao meu lado:
— Qual o meu nome?
— Teu nome? Blue! Esse é o seu nome.
— Não gostei. – reclamou Blue, rapidamente correndo em direção à Grimlock.
Depois de alguns minutos, Blue venceu a luta para mim e Malena começou a gritar, comemorando minha vitória.
— Não gostei de Blue, mas vou tentar me acostumar. Sou a primeira pessoa que você cria?
— Sim! Eu acabei de te criar.
— Que merda. Queria um criador experiente. – comentou Blue, que me fez não entender nada.
Rapidamente, os jurados começaram a escrever anotações e Snup não. Ele sequer nem tinha olhado o meu rosto. Fiquei triste e desanimado, sentei na plateia e Blue ao meu lado:
— Pode voltar para o livro. – pedi, triste.
— Não posso.
— Como não, Blue? Tudo que eu crio pode retornar ao meu livro. É o procedimento. Não posso usar mais você.
De repente, Blue me pegou e me levou para longe em um piscar de olhos. Ele começou a me apertar forte no pescoço com as duas mãos. Eu estava ficando sem ar e quase para morrer por falta de. Ele, nervoso, disse:
— Você acha que eu sou um objeto de uso para você usar e me guardar? Você não sabe o que é ser um mago criador! Você não é digno dessa magia maravilhosa e revolucionária! Quero que você rasgue a minha página e me liberte de você! Nojento! Asqueroso!
Epa! Espera! Quanto insulto!
Eu não tinha entendido nada! Que história essa de mago criador, magia revolucionária e dignidade. Eu simplesmente criei ele para me defender em um momento, quando eu precisasse dele, eu o chamaria. Foi isso que eu falei e ele me soltou.
— Você sabe o que é um mago criador?
— Não! – gritei eu, pegando água que tinha no rio ao meu lado e passando no meu pescoço todo cheio de hematoma.
— Existem vários mundos, assim como vários tipos de mago. Eu não sou humano, muito menos mago. Não sou sua criação. Eu já tenho muito tempo de vida. – disse Blue, sentando ao meu lado e encarando o rio que emitia a aurora do dia.
Eu não estava entendendo nada, mas ele ajudou a entender tudo:
— Existem inúmeras dimensões. Nessa dimensão existem vocês, magos e humanos. Existe outra dimensão onde existem nós, chamados de Criações. O nosso mundo, ou dimensão, chama Verso. Nós moramos lá há muito tempo e é um lugar tão grande quanto esse planeta. Temos uma vida normal lá! Nós comemos, bebemos, reproduzimos, brincamos, guerreamos e tudo isso que vocês fazem aqui fazemos lá. Uma coisa que você deve saber é que entre duas dimensões existe um ponto em comum, chamado de portal. Como o nome disse, é onde nós passamos de uma dimensão para outra. A sua dimensão, chamada Terra, está conectada diretamente com a Verso. E esse portal não é único. Existem muitos portais. Os livros. Livros que só podem ser usados por magos que tem um enorme vínculo com eles. Esses magos são chamados de Magos Criadores. O que você diz ser criação sua não é! É apenas objetos que já existem no Verso e que, ou por desejo do mago ou por necessidade extrema, vai parando nas páginas e liberados aqui na Terra. Esse é o trabalho dos magos de Verso. Você me deu um trabalho, assim como fez com aqueles que tem que limpar e cuidar dos objetos que você selecionou de Verso e colocou no teu livro para utilizá-los. Entendeu?
— Sim, eu entendi. É como se eu chamasse você lá de Verso e viesse aqui para me ajudar, e quando retorna ao livro, você retorna à Verso.
— Exatamente.
— E os objetos que eu criei, como a Espada do Deus do Fogo?
— Existe lá e quando você guarda ela no teu livro, ao mesmo tempo, ela vai para um galpão especializado para armas desse tipo lá em Verso. Existe funcionários que limpam e tomam conta desses objetos.
Quando ficou tudo claro, eu perguntei uma última coisa para Blue:
— Blue! Você disse que não pode voltar. Qual o motivo disso?
— Eu sou o primeiro mago que você criou. Agora é o meu dever viver eternamente ao teu lado, até a sua morte. Quando você morrer, eu volto para Verso. Eu não tenho família lá! Eu era um mercenário que matava e vendia o corpo para ganhar dinheiro e sair com mulheres.
— Verdade?
— Não. Não vou falar sobre mim no Verso, apenas farei o meu trabalho. E não me encha o saco, posso te matar qualquer momento para eu voltar para lá.
— Sério?
— Não! Quando um criado mata seu criador, ambos acabam morrendo. O portal se fecha para Verso e isso causa a minha morte. Eu gosto muito de mim e não quero morrer por causa de um pivete de 18 anos. Ah! E quando o primeiro criado vai para o mundo de seu criador, o criado fica sabendo tudo sobre a vida do criador e sobre tudo o que te cerca. Então, queridinho, sei de todos os seus segredos e sei muito bem que você não é popular coisa nenhuma! Apenas mente para a Malena para ela ficar afim de você. Você quer que eu conte para ela?
— NÃO, BLUE! NÃO!

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