quinta-feira, 14 de julho de 2016

Caçadores de Paz, capítulo 4: ZERO, A ESPADA DE DIAMANTE

Quando eu abri a porta vi uma garotinha, aparentemente 8 anos de idade, dando-me um oi e perguntando se podia entrar. Eu perguntei quem ela era e ela me respondeu:
— Meu nome é Ivy e eu sou a nova líder da Hunters Of Peace!
Espera aí! Uma garotinha loirinha do vestido preto, curto, é a líder da guilda que eu entrei? Como assim? Eu a mandei entrar e Blue ficou tão chocado quanto eu! Onde estava o Espadachim de Ouro?
— Desculpem pelo incômodo e eu sei que estão surpresos com a minha aparência. Na verdade, vocês não são os únicos a receberem a minha visita. Na verdade, foram os últimos, quase me esqueci de vocês. Vocês? Digo, Anark. - ela se desfez de Blue e ele ficou chateado, mas ele entendia que era uma “arma” para mim. Eu considerava ele uma pessoa, mas como eu era um mago criador então minhas criações não eram consideradas. – O meu nome é Darcy Ivy Skyler, e sou a líder dos caçadores. Caso vocês não sabem, o nome da guilda foi mudado assim que eu entrei. Isso é uma longa história. O motivo de eu vir aqui, além de me apresentar a vocês, é dizer que a nossa guilda aceitou uma missão de resgate e é de longe uma das missões mais importantes que já tivemos. – disse ela, sempre com sorriso no rosto. Dava medo.
Eu tinha muita pergunta para fazer, não estava interessado na missão citada. Eu criei coragem e perguntei:
— E o antigo líder, o Snup?
Ela fechou a expressão e me respondeu, coçando a cabeça:
— Ele foi morto, assim como metade da guilda. Todos na mesma noite, juntos e mortos por um só mago.
Caramba! Metade da guilda foi morta, inclusive o líder, por uma só pessoa? Não deixei de perguntar:
— Quem foi? Quem foi a pessoa que conseguiu matar todos esses magos?
— Ainda não se sabe. Estamos focando em duas coisas: essa nova missão de resgate e a investigação do assassino. Nossa facção está sendo caçada por essa pessoa, por isso mudamos o nome para Caçadores. Além de caçarmos a paz e distribui-la, vamos caçar também aquele que dizimou nossa guilda e quase fez ela ser desfeita. Foi um alvoroço total. Tudo foi muito rápido e hoje cedo eu recebi a notícia. O antigo líder da guilda, Snup, era meu irmão. E assim como todos, eu também quero vingança.
Blue ficou chateado com a notícia e assustado, assim como eu também fiquei. Darcy estava triste pelas perdas e forçou um sorriso falso no rosto:
— Mas tudo vai ficar bem! Vamos conversar sobre a missão de resgate! Recebemos a carta de missão de um empresário que perdeu sua espada de diamante. Ela é bem pequena e não tem utilidade ofensiva. É mais um enfeite. Um enfeite que custa milhões de dólares e um terço do seu valor será a recompensa! Esse dinheiro vou usar para restaurar a nossa guilda, contratar magos mais fortes e assim fortalecer nossa defesa contra o assassino desconhecido. Eu quero que vocês participem desse resgate. É o primeiro trabalho de vocês! Ou melhor, seu trabalho, Anark!
Mas que diabos! Assim o Blue não aguenta, sendo excluído toda hora. E ele nem ligava. Era maduro suficiente para entender o seu lugar no mundo.
— Eu aceito! Mas porque todos os magos foram convocados? Se é um simples resgate... – eu perguntei.
— Na verdade a ideia que é simples, mas não se esqueça que vamos resgatar algo muito valioso que com certeza muita gente vai atrás. E ouvi burburinhos que uma guilda clandestina está com essa espada de diamante. Ah! O nome dessa espada é Zero. Resumindo, nossa guilda quase que inteira vai tentar recuperar Zero. Metade da recompensa vai ir para os cofres da nossa guilda e o restante vai ser dividida entre todos que garantir o sucesso da missão, do trabalho. Pergunto novamente: vocês podem nos ajudar?
Blue se levantou rapidamente com entusiasmo no peito e respondeu por mim:
— Nós topamos, sim! Digo, o Anark topa! É o seu primeiro trabalho e ele vai crescer muito com essa oportunidade, Darcy! – Caramba! Agora ele mesmo se excluiu.
Feliz da vida e dando saltinhos de alegria, Darcy agradeceu sem palavras e desapareceu da sala. Puff! Sumiu!
— Blue! Você está maluco?? Não pode responder por mim convites de trabalhos!
— Anark!! Você iria recusar?
Eu pensei bem e respondi:
— Não! Não iria recusar! De jeito nenhum! Entretanto, eu sou seu mago criador e eu que tenho que responder pela gente!
Blue me pegou pelo colarinho e me levantou lá no alto:
— Você está achando que eu sou seu objeto, filho da mãe?
— Não, Blue! Não disse isso! Você é inteligente e sabe muito bem o que eu quis dizer! Agora você pode me soltar?
Blue me soltou e eu fui de cara com o chão. Passei a mão na minha cabeça – a pancada foi forte:
— Estou com medo, Blue.
— Medo? Medo de que?
— Desse assassino que a Darcy falou. Primeiro, ele deu conta de matar o antigo líder. Segundo, além de matar o antigo líder ele matou metade da guilda ao mesmo tempo. Se eles estavam juntos, com certeza uniram suas forças para se defender, mas pelo jeito esse assassino foi bem mais fortes.
— Sim, concordo, mas qual é o seu medo?
Eu me levantei, sentei no sofá e tomei um gole de café na xicara branca de porcelana que estava sobre a mesa de centro:
— Meu medo é de topar com esse assassino. Se eu levei uma surra do Grimlock, imagina o que pode acontecer comigo se essa pessoa quiser me matar.
Blue sentou ao meu lado, tirou a xícara da minha mão e me disse:
— Anark, presta atenção em mim. Você me “criou” então eu tenho que te defender até a minha morte. Não vou deixar que nada aconteça com você e pode ter certeza que até lá nós ficamos bem mais fortes, inteligentes e espertos. Até lá você já criou coisas maneiras que facilitará a batalha final contra esse assassino.
— Batalha final? Como assim?
Blue começou a gaguejar, respondendo:
— É... Digo... Com certeza um dia os Caçadores encontrarão esse assassino e darão um fim nele. E você estará nessa briga, não é? – eu respondi que sim com a cabeça e ele continuou. – Então é isso! Vamos aproveitar essa nossa primeira missão e ganhar experiência de sobra para então nos tornarmos magos fortes e valentes o bastante para vingar a guilda.
— Você tem toda razão, Blue! Nós vamos ser fortes e matar esse desgraçado. Ou essa desgraçada. Não sabemos nem isso. Homem ou mulher.
Blue virou o rosto, como se soubesse de alguma coisa e saiu de perto de mim. Colocou um pé no degrau da escada, olhou para trás e disse:
— Eu vou dormir. Não fique acordado até tarde. Amanhã vai ser um longo dia e temos muita coisa a fazer. Que Homardia te proteja. Boa noite.
— Boa noite, Blue! Que Deus te proteja!
Homardia era a Deusa Protetora em Verso. Lá também existem religiões e cabia a mim respeitá-las.
—--x---
Um lugar longe da cidade. Um salão escuro rodeado de velas vermelhas, velas pretas e objetos de bruxaria. Um lugar sombrio e aparentemente local de rituais estranhos e malignos. Uma mesa com oito magos e distante delas um trono rodeado de ossos afiados que cortavam o pouco vento que ousasse lhe encostar. Uma idosa comandando oito magos fortificados por rituais macabros. Uma guilda clandestina chamada Yambakka.
— Mestre Yambe! Me dá a permissão da palavra? – disse o primeiro mago que se sentou à mesa.
— Sim. – respondeu à velha.
— Esse objeto, chamado Zero, é tão importante assim para você?
A velha se levantou do trono, pegou sua bengala, colocou seu capuz marrom e desceu a escadaria de ossos:
— É claro que sim, Martin. Com tal dinheiro nós poderemos construir uma cidade, mesmo que pequena, habitá-la e depois dar ela para o Deus Menor.
Martin, vestido como todos da Yambakka (sobretudo longo e preto com capuz vermelho), levantou-se, indignado:
— Esse é o problema dessa guilda! Tudo é para esse tal de Deus Menor! Deus Menor! Ningirama não existe! Ele é uma lenda que deve ser esquecida por muitas guildas que tem a burrice de serví-lo!
Com gargalhadas altas e provocativas, Yambe se aproximou de Martin:
— Você sabe muito bem que não é permitido falar o nome do Deus Menor desta forma, não sabe? Se ele aparecer aqui vai te amaldiçoar para o resto de sua vida, isso se ele não te matar antes.
Martin, nervoso, encarou a velha com o rosto muito próximo ao dela e respondeu:
— Eu não tenho medo. Acabe com isso logo. Diz para a gente logo o que tem de ser feito, quem precisamos matar para pegar essa espada de diamante. Não estou aqui para brincadeira! Assim como todos aqui, eu vim para essa guilda pela promessa que você nos fez: liberdade, fama e dinheiro em abundância. E isso está demorando. Não estou tendo lucro nenhum, Yambe!
A líder da Yambakka voltou ao seu trono e retirou o capuz. De lá, ninguém podia ver o seu rosto:
— Vocês todos tem o dever de pegar a Zero e trazer aqui. O dono dela, que a deixou cair de uma montanha muito alta e a perdeu, já enviou um pedido para uma facção da cidade aqui ao lado. Facção ou guilda, tanto faz como é chamada essas merdinhas de grupinhos comandados por autoridades caricatas. Eles são os Caçadores e teve seu número reduzido pela metade, então não oferecem risco algum. Mas, se caso eles ousarem nos atrapalhar, matem todos eles e dê o seu sangue ao Deus Menor. Tenham certeza de que um dia ele virá, como está escrito nas lápides do Submundo, e nos recompensará com tudo que almejamos. Que Deus Menor protejam vocês.

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